Dispositivos móveis ideais para agentes de saúde em campo

Por Eletropédia

23 de julho de 2025

Quem já trabalhou diretamente em campo sabe: o dia a dia do agente de saúde não é moleza. Enfrentar sol, chuva, terrenos irregulares, escadas apertadas, zonas de risco… tudo isso faz parte da rotina. E, nesse cenário, carregar uma prancheta ou um notebook não é nada prático. É aí que os dispositivos móveis entram como aliados essenciais na jornada.

Mas nem todo equipamento dá conta do recado. A escolha do dispositivo certo — seja celular, tablet ou coletor de dados — faz toda a diferença entre um trabalho eficiente e um verdadeiro pesadelo. Precisam ser leves, resistentes, com bateria de longa duração e, claro, compatíveis com os aplicativos usados pelo SUS. Parece simples? Nem tanto.

Nos últimos anos, a digitalização da saúde pública transformou a maneira como os agentes atuam. Dados antes preenchidos à mão agora são inseridos diretamente no sistema via dispositivos móveis. Isso agiliza os processos, mas também exige que o profissional esteja preparado — tanto tecnicamente quanto em termos de equipamento.

Então, se você é agente, gestor público ou está de olho na formação para entrar na área — como no curso de técnico em Agente Comunitário de Saúde — este artigo vai te mostrar quais são os dispositivos móveis ideais para o trabalho em campo, com prós e contras de cada opção.

 

Celulares: os queridinhos pela praticidade

Vamos começar pelo que a maioria já usa: os celulares. Eles são, sem dúvida, os dispositivos mais acessíveis e fáceis de transportar. Quase todo agente já tem um aparelho — mesmo que pessoal — e está familiarizado com o sistema Android, que é o mais usado nos aplicativos da saúde pública.

O ponto forte dos celulares é a portabilidade. Cabem no bolso, têm câmeras razoáveis para registro de ambientes e códigos, e são compatíveis com praticamente todos os sistemas usados pelos agentes. Modelos intermediários, com 4GB ou 6GB de RAM e pelo menos 64GB de armazenamento, já dão conta do trabalho básico sem travamentos constantes.

Porém, os celulares também têm suas limitações. A bateria, em geral, não aguenta o tranco de um turno inteiro em campo, especialmente se houver uso intenso de GPS, câmera e aplicativos de registro. Além disso, a tela pequena dificulta o preenchimento de formulários mais complexos, o que pode gerar erros e retrabalho.

 

Tablets: equilíbrio entre mobilidade e funcionalidade

Se o celular é prático, o tablet é o meio-termo perfeito entre usabilidade e mobilidade. Com telas maiores (normalmente entre 8 e 10 polegadas), eles facilitam o preenchimento de formulários, a leitura de informações e o uso de sistemas mais complexos, como o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC).

O bom de trabalhar com tablets é que a tela sensível ao toque permite um uso intuitivo, mesmo em ambientes externos. Modelos com caneta digital ajudam na precisão e podem substituir a velha prancheta com papel e caneta. Além disso, muitos tablets vêm com conexão 4G e suportam chips de operadoras, permitindo uso contínuo em campo.

Porém, o tamanho maior também pode ser um problema em certos contextos. Subir escadas, segurar o equipamento com uma mão só ou se deslocar rapidamente entre casas pode ser complicado. O ideal, nesses casos, é usar capinhas com alças ou suportes de pescoço para facilitar o manuseio e garantir mais segurança.

 

Coletores de dados: robustez e precisão para ambientes exigentes

Quando a prioridade é resistência, os coletores de dados se destacam. Esses dispositivos foram criados justamente para uso em campo, com carcaças reforçadas, proteção contra poeira e água, e baterias que duram o dia todo — às vezes até mais. São usados em áreas rurais, zonas de risco e situações onde o celular comum não sobrevive por muito tempo.

Além da robustez, os coletores têm vantagens como leitores de código de barras, GPS de alta precisão e sensores específicos para geolocalização. Alguns modelos até integram câmeras térmicas e sistemas próprios de comunicação com bases de dados internas, sem precisar de conexão constante à internet.

Mas, claro, nem tudo são flores. O custo desses equipamentos é consideravelmente mais alto, o que dificulta a adoção em larga escala pelas prefeituras. Além disso, muitos sistemas do SUS ainda não são otimizados para rodar nesses dispositivos — o que exige adaptações e suporte técnico mais avançado.

 

Critérios técnicos para a escolha do dispositivo ideal

Independente da categoria do equipamento, alguns critérios técnicos precisam ser observados com atenção. O primeiro deles é a autonomia de bateria — afinal, ninguém quer ficar na metade do turno com o aparelho desligado. O ideal é buscar dispositivos com, no mínimo, 5.000 mAh de bateria ou com modo de economia avançado.

Outro ponto importante é a compatibilidade com os sistemas da saúde pública. Os aplicativos do e-SUS AB, por exemplo, funcionam melhor em dispositivos com Android a partir da versão 8.0, memória RAM de 3GB ou mais e armazenamento interno de 32GB para cima. Menos do que isso e o sistema pode travar ou nem abrir.

Também vale prestar atenção na resistência física: a certificação IP68 (resistência à água e poeira) e a estrutura com proteção reforçada contra quedas são diferenciais importantes para quem atua em áreas externas. Por fim, o peso do aparelho também deve ser considerado — especialmente se ele será usado por horas seguidas em deslocamento.

 

Integração com softwares e aplicativos da saúde

Não adianta ter o melhor dispositivo se ele não “conversa” bem com os sistemas exigidos. Por isso, antes de investir em qualquer equipamento, é fundamental verificar a compatibilidade com os softwares usados na sua unidade de saúde — como o e-SUS AB, PEC, MyPSF, App ACS e outros regionais.

Essa integração vai além do simples funcionamento do app. Envolve também a sincronização dos dados, o funcionamento offline (essencial para regiões com pouca conexão) e a estabilidade durante o uso contínuo. Alguns tablets e celulares bloqueiam apps em segundo plano para economizar bateria — o que pode gerar perda de dados não salvos, por exemplo.

Outro aspecto importante é o suporte técnico. Dispositivos que recebem atualizações de sistema com frequência e têm assistência fácil na sua cidade tendem a ser mais seguros e duradouros. Afinal, um agente parado por conta de um equipamento quebrado é prejuízo para o serviço e para a comunidade atendida.

 

O que considerar na hora da compra pública ou pessoal

Seja uma compra pessoal feita pelo próprio agente, seja uma aquisição pública por parte do município, é preciso seguir alguns critérios práticos para não errar. A primeira dica é: nem sempre o mais caro é o melhor. Há celulares intermediários com excelente desempenho e resistência, que podem atender perfeitamente às demandas do campo.

No caso de prefeituras, o ideal é montar um processo de aquisição que leve em conta não só o preço, mas também o custo-benefício ao longo do tempo. Isso inclui a durabilidade do dispositivo, a facilidade de reposição de peças, a compatibilidade com os sistemas de saúde e a capacidade de uso offline.

Já para quem vai adquirir por conta própria, vale conversar com colegas de profissão, ver avaliações reais dos modelos em uso e, se possível, testar antes de comprar. Garantia estendida e capa protetora também são investimentos inteligentes — melhor prevenir do que correr atrás depois que o aparelho escorregar na escada de concreto, né?

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